No dia fatídico em que a barata Gene viu sua mãe ser brutalmente assassinada por um chinelo, uma chama de vingança incendiou seu ser. Era o prelúdio para a maior revolta que o reino dos insetos já testemunhara.
Decadas de injustiça e ódio acumulado contra as baratas fizeram delas o paria dos lares humanos. Bastava um vislumbre para o caos se instaurar: seres humanos saltavam para cima de cadeiras, chinelos em mãos, prontos para dizimar qualquer um dos insetos malditos que cruzasse seu caminho. Mas agora, Gene, dotada de inteligência ímpar e uma estratégica mente militar, liderava o levante.
O assassinato brutal de sua mãe meses antes não foi apenas uma perda pessoal; foi o catalisador para a guerra iminente. O plano estava pronto, esperando apenas o momento oportuno.
Ao lado de sua leal amiga Salete, Gene planejava meticulosamente. Mas dúvidas surgiam, mesmo entre as baratas mais corajosas.
"Estamos realmente prontas?", indagou Salete, preocupada com a proporção desfavorável entre baratas e humanos.
Gene, com a determinação de uma líder, rebateu: "Nunca estivemos tão prontas! Os humanos pagarão por cada gota de hemolinfa derramada."
Salete, porém, mostrou uma estatística preocupante: "Somos mais numerosas, mas onde estão as outras? Muitas de nossas irmãs foram mortas injustamente."
Silêncio pairou entre as amigas, a verdade amarga ecoando em suas mentes.
Naquele dia, um rumor se espalhou entre as baratas: os humanos dormiriam simultaneamente por uma hora em todo o mundo. Era a chance que Gene esperava, mas Salete desconfiava da veracidade da informação.
"Por que os humanos dormiriam todos ao mesmo tempo?", questionou Salete.
Gene, com uma determinação fria, respondeu: "Esta é nossa oportunidade. Faremos um ataque simultâneo enquanto eles dormem."
O plano era simples, mas devastador: invadir as vias respiratórias dos humanos, sufocando-os lentamente. "Alguns terão que se sacrificar, mas serão lembradas na história como heroínas", explicou Gene, traçando o destino das baratas.
A mensagem foi enviada às tropas baratísticas em todo o mundo. Cada esconderijo foi notificado. Era hora de sair das sombras e lutar pela liberdade que tanto almejavam.
Quando a noite da revolução chegou, Gene liderou 249 baratas através do ralo do banheiro, em direção aos quartos dos humanos. Meia-noite se aproximava, e a hora da vingança estava prestes a chegar. Chinelos e inseticidas seriam lembranças do passado.
Mas no momento decisivo, um zumbido estranho ecoou. Gene olhou para cima e viu uma figura sinistra: o general Tod, uma vespa-joia, à frente de centenas de vespas e marimbondos.
O coração de Gene gelou. Salete estava certa. O sono coletivo dos humanos era uma armadilha. As vespas, eternas inimigas das baratas, haviam armado um contra-ataque devastador.
"É uma cilada! Fujam!", gritou Gene desesperadamente, mas era tarde demais. Os generais vespas lançaram seu ataque impiedoso contra as desavisadas baratas.
Anos depois, os jornais ainda especulavam sobre o desaparecimento misterioso das baratas. O aquecimento global era a explicação oficial, mas apenas os insetos sabiam a verdade: foram derrotados pela traição e pela força avassaladora de seus antigos inimigos.
Assim, a Revolução das Baratas, um conto épico de vingança e traição, entrou para a história, lembrando a todos que, às vezes, até os menores seres podem abalar o mundo.
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